Músicos de Cássia Eller sobem ao palco com a paraibana Val Donato para uma homenagem especial à cantora carioca
20 anos após a sua partida precoce, Cássia Eller será reverenciada por uma banda de peso: os músicos Walter Villaça (guitarra) e Fernando Nunes (baixo), que fizeram parte da sua banda, Helinho Medeiros (teclado e sanfona), Guegué Medeiros (bateria) , e a cantora e compositora Val Donato – que não a conheceu, mas em quem os músicos apostam todas as suas fichas. O grupo prepara uma turnê que começará pela capital paraibana, João Pessoa, e percorrerá outras cidades nordestinas, a partir do mês de abril de 2022. Depois, será a vez de ganhar o Brasil.
Os planos para essa homenagem começaram a ser tramados no ano passado, quando Val se sentiu segura para interpretar as músicas que fizeram sucesso na voz de Cássia sem que, com isso, tivesse o esse trabalho confundido com o de um cover. “Hoje, eu tenho um trabalho autoral bem desenvolvido, estou gravando o segundo disco, então as pessoas já entendem que tenho referências dela, sim, mas não faço uma imitação. No início da minha carreira, as pessoas me relacionavam muito com a Cássia, até por não haver muitas cantoras no estilo dela”, conta Val.
Foi então que nasceu, na cantora paraibana, a vontade de homenagear a cantora carioca. Inicialmente, seria um projeto como outros que ela já tinha realizado com sua banda, como os tributos para Chico Science e Bob Marley. Mas aconteceu de ela se encontrar com o guitarrista Walter Villaça e, devido à amizade e à confiança que tem nele, pedir a sua opinião sobre a ideia – e então o plano inicial começou a ganhar outros caminhos.
O projeto – Walter achou a ideia ótima, e até se dispôs a fazer uma participação em alguns shows. Primeira boa surpresa para Val. Daí, em janeiro passado, foi a vez de Fernando Nunes entrar no páreo. Depois de participar de alguns shows que ele fez em João Pessoa, e com a aproximação proporcionada por esses encontros (eles se conheciam apenas superficialmente), Val comentou sobre a ideia do tributo. “Ele não só adorou como foi mais longe: e se a gente fizesse esse show com a banda que tocava com ela?”, lembra Val. Outra surpresa.
Fernando voltou para São Paulo com essa ideia na cabeça e, logo que pôde, entrou em contato com Walter e também com o baterista João Vianna (outro que fez parte da banda de Cássia). Ambos toparam, e logo o grupo começou a checar as possibilidades. Na primeira semana de março, no entanto, veio a notícia de que João não poderia mais participar do projeto, por compromissos agendados anteriormente.
Os músicos – Músico profissional há 25 anos, Walter Villaça tocou com Cássia Eller de 1996 até a sua morte (e também em discos póstumos). Hoje, toca com Nando Reis e tem também um trabalho autoral instrumental, o Walter Villaça e os Cablocos. Além de guitarrista, é produtor musical e violonista. Ligado à música desde a infância, já tocou com artistas consagrados da música brasileira e internacional, como Gal Costa, Zélia Duncan, Renata Arruda, Glória Gaynor, Simone, Gabriel O Pensador e Isabela Taviani, entre outros.
“Com esse tributo, queremos elevar o nome da Cássia, uma das maiores cantoras do país, uma figura ímpar. Tive o privilégio de conviver com ela nos palcos e fora deles. Simples, inteligente, humana, com uma cultura musical robusta. Ela ficaria muito feliz com esse projeto”, acredita. Para ele, a música brasileira está carente de uma voz poderosa, que canta de samba a rock. E por isso a presença de Val será fundamental para o projeto. “Val tem um furacão na voz, é bem a onda de Cássia”, diz ele.
O alagoano Fernando Nunes também está na estrada desde as primeiras décadas de vida: começou a tocar aos 12 anos e atua profissionalmente desde os 15. Morou em Salvador, onde tocou e gravou com diversos artistas do cenário baiano, e depois no Rio de Janeiro, onde se integrou à banda de Ivan Lins, em turnê pela Europa e Estados Unidos. Em 1994, entrou na banda de Cássia Eller – e lá permaneceu até o seu último disco, o “Acústico MTV” (2001).
“Eu trato tudo o que tem o nome Cássia Eller como algo muito pessoal, quase como uma missão de perpetuar o legado dela, preservando a qualidade e mantendo a atmosfera de alegria e amor à música que ela tinha, em sua essência”, diz o baixista. Para ele, o tributo será uma grande celebração. “Tudo será regado a emoção e boas lembranças. Que cada show seja um presente para os fãs, os curiosos e também para nós, que sentimos muita falta dela.”