A aversão à democracia
O Brasil vive, no momento, um fenômeno patológico que causa muita preocupação: a aversão à democracia. Pior do que o desinteresse de boa parte da população pela política é a apatia das pessoas perante os fatos sociais. Parte da sociedade brasileira está sendo estimulada a se engajar politicamente no sentido contrário ao que se define como Estado Democrático de Direito.
Lideranças que não conseguem conviver com a democracia, procuram desrespeitar o pluralismo cultural, exacerbando a tensão entre a experiência democrática e o comportamento político de viés autoritário. A visão de mundo da extrema direita, tentando construir um ambiente favorável às suas ideias golpistas, para, assim, alcançarem legitimidade do poder despótico.
O que se vê, são armadilhas conservadoras com a intenção de ludibriar as massas, via populismo, para manipulação eleitoral. Grupos minoritários, representativos de ideologias extremadas, conspiram contra a paz social e as instituições democráticas que regem a República, promovendo atos públicos atentatórios aos direitos fundamentais e aos princípios básicos do exercício pleno da cidadania.
Alceu Amoroso Lima afirmava que “a democracia é um regime de convivência, e não de exclusão. Baseia-se na liberdade, como meio de chegar à ordem”. Então, qualquer ação golpista, se afirma em antagonismo ao que ele proclamava, pois, a História Universal tem demonstrado que “os sistemas totalitários que se apresentam perfeitos e oniscientes, são irresponsáveis e inconsequentes”, segundo Ulysses Guimarães.
É inadmissível que a vontade de poder de um líder populista, assuma uma espécie de encarnação divina, com feição idolátrica. A coesão ideológica conquistada, no núcleo duro dos seus seguidores, faz com que se manifeste permanentemente em atrito com os que defendem o ordenamento constitucional.
Ainda bem que as instituições brasileiras vêm se revelando portadoras de anticorpos para combater o vírus letal do golpismo, possibilitando a unificação de forças em torno da defesa do Estado Democrático de Direito. Ditadura nunca mais.
Rui Leitão