MP pede fechamento do SBT no Rio, depois de morte de jornalista obrigado a trabalhar com Covid-19
247 – O Ministério Público entrou com pedido para uma inspeção sanitária na sede do SBT no Rio de Janeiro após a redação de jornalismo da emissora ter se tornado foco da proliferação do novo coronavírus. Além disso, existe a petição de uma liminar sendo preparada pela promotora Luciene Vasconcelos solicitando a interdição do local, que fica na zona norte da cidade. Ao todo, 36 funcionários estão afastados com suspeita de terem contraído o Covid-19. A informação é do “Na Telinha”, do portal UOL.
A denúncia no MP foi uma feita de forma conjunta pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Sindicato dos Radialistas do Município do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira da Imprensa (ABI) na última quinta-feira (09).
“Nós entramos com uma denúncia no Ministério Público com a relação da sucursal do SBT no Rio. Muito estranho que uma emissora do porte do SBT, que está convivendo com esse problema há mais de 20 dias, não tenha tomada providencias quanto a isso. Chegou ao ponto de morrer uma pessoa e 35 delas estarem contaminadas”, disse Arnaldo Cesar, membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
O jornalista Paulo Moreira Leite denunciou ontem (14) em artigo a morte do jornalista do SBT Augusto Nascimento Silva. O funcionário do SBT, que encontrava-se no grupo de risco, por ser hipertenso, foi obrigado a seguir trabalhando no local mesmo após apresentar os sintomas do Covid-19.
Confira um trecho da sua coluna:
– Vítima da Covid-19 numa tragédia da vida sob a pandemia, a morte do editor de imagens José Augusto Nascimento Silva, o Naná, do SBT-Rio, deve servir de reflexão para brasileiros e brasileiras, neste momento em que Bolsonaro e grandes empresários articulam o fim da quarentena.
A contaminação e morte de Naná, 57 anos, há 30 num dos maiores grupos de comunicação do país, propriedade de Silvio Santos, braço fiel e amigo do bolsonarismo, teve um roteiro semelhante ao que se verifica em vários ambientes de trabalho do país. Numa praga muito anterior ao novo coronavírus, sabemos que no Brasil trabalhadores são costumeiramente forçados a seguir no batente ainda que a saúde não esteja em ordem.
Desta vez, contudo, a tragédia foi preservada por um elemento essencial — o jornalismo.
Testemunha da própria morte, Naná gravou áudios de advertência pelo WhatsApp, denunciando os riscos que corria, revela o Daniel Castro, da coluna Notícias da TV.
O depoimento é de grande utilidade para se compreender, num tempo de pandemia, a importância de garantir a preservação de vidas humanas.
“Nenhum lugar no Rio de Janeiro tem mais casos suspeitos que no SBT. (…) Eu agora estou sob suspeita, inclusive com atestado de 14 dias que o doutor deu porque me calcei, sabe que não sou burro. Se tiver que processar essa turma eu vou processar. Acho uma irresponsabilidade tremenda”, diz Naná.