Rússia alerta para ‘banho de sangue’ na Venezuela; ONU pede diálogo
A Rússia alertou nesta quinta-feira (24) que o reconhecimento do deputado Juan Guaidó como presidente da Venezuela pelos Estados Unidos pode levar a um “banho de sangue” no país da América Latina. O Kremlin é um dos principais aliados do regime do ditador Nicolás Maduro.
Em nota, a Chancelaria russa afirmou que os eventos na Venezuela estão atingindo um ponto perigoso e que Washington demonstrou desrespeito pela lei internacional. “Isto é uma via direta para a anarquia e o banho de sangue”, afirmou a nota.
Moscou alertou ainda os EUA a não realizarem uma intervenção militar na Venezuela, afirmando que tal ação poderia levar uma catástrofe. Em outra declaração, o Kremlin afirmou que continua a respaldar Maduro e que tentativas de usurpar o poder na Venezuela violam a lei internacional.
O Brasil, em conjunto com 12 países da região, reconheceu nesta quarta-feira (23) Guaidó, presidente da Assembleia Nacional venezuelana, como líder interino do país pouco depois de o deputado se proclamar presidente durante manifestação que reuniu milhares de pessoas em Caracas para protestar contra Maduro.
A Venezuela cortou relações diplomáticas com os EUA e determinou que os funcionários americanos deixem o país em 72 horas.
Em entrevista com o jornal russo International Affairs publicada nesta quinta, Sergei Ryabkov, vice-chanceler russo, disse que Moscou se solidariza com a Venezuela em defesa de sua soberania e em defesa do princípio de não intervenção em seus assuntos domésticos. Não ficou claro quando a entrevista foi feita.
Questionado sobre uma eventual intervenção militar americana no país latino-americano, Ryabkov disse que Washington deveria ficar de fora.
“Alertamos contra isso. Consideramos que seria um cenário catastrófico que balançaria as bases do modelo de desenvolvimento que vemos na América Latina. A Venezuela é um país amigo e nosso parceiro estratégico”, afirmou ainda, sem citar Maduro. “Nós os apoiamos e continuaremos apoiando”, disse.
Em outras declarações, parlamentares russos disseram que o apoio dos EUA a Guaidó equivale a um golpe de estado. Também nesta quinta, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu um “diálogo” na Venezuela para evitar um “desastre” no país depois que o líder da oposição se declarou presidente interino.
“O que esperamos é que o diálogo seja possível e evitar uma escalada que nos levaria a um tipo de conflito que poderia ser um desastre para o povo da Venezuela e para a região”, afirmou no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
“Os governos soberanos têm a possibilidade de decidir o que querem”, disse Guterres sobre os reconhecimentos internacionais dados a Guaidó. O que nos preocupa na situação da Venezuela é o sofrimento do povo da Venezuela”, completou.
Com informações da Folhapress