Após vaquinha, handebol de areia do Brasil é campeão mundial em Kazan
O sufoco não foi em vão. Após realizar vaquinha e buscar através de parceiros e familiares o dinheiro necessário para viajar, o handebol de praia do Brasil fez bonito no Mundial disputado em Kazan, na Rússia. A equipe masculina ficou com o ouro ao bater a Croácia na decisão por 2 a 0 e as meninas garantiram o bronze ao triunfar sobre a Espanha por 2 a 1. A viagem das seleções quase não aconteceu por conta da crise financeira que atravessa a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb). Sem dinheiro, os atletas fizeram campanha online para arrecadar fundos e juntaram diversos cartões de crédito para pagar pelas passagens, tirando do próprio bolso. O título do feminino ficou com a Grécia.
Para viajar até a Rússia, os brasileiros conseguiram 27 passagens, no valor aproximado de R$ 190 mil. No ano passado, os times do país viveram problema parecido para os Jogos Mundiais, na Polônia. Fizeram vaquinhas, conseguiram viajar e conquistaram o título. Caso o Brasil não disputasse a competição, a CBHb poderia multada e as seleções poderiam ser suspensas de futuras competições. O handebol de areia não é modalidade olímpica, mas ganhou força nos últimos anos. Fará parte, por exemplo, dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, este ano, e pode entrar no programa dos Jogos Sul-Americanos de Praia, em 2019.
A crise na CBHb começou logo após a Olimpíada do Rio, com racha político após a reeleição de Manoel Luiz Oliveira. Em 2017, o Correios diminuiu drasticamente seus repasses a entidade, caindo para apenas R$ 1,6 milhão em 2018. O dinheiro da Lei Agnelo Piva, cerca de R$ 2,5 milhões, está completamente comprometida para este ano. Sem conseguir apoio financeiro da CBHb para a viagem, os atletas do handebol de areia e a entidade entraram em contato com o Comitê Olímpico do Brasil.
O COB mostrou-se solidário, mas lembrou que não poderia auxiliar por ser impedido de investir em modalidades que não fazem parte do programa olímpico. Porém, lembrou que auxiliou o esporte com recursos extraordinários no valor de R$ 1.295 milhão para o pagamento das equipes técnicas masculinas e femininas e mais R$ 300 mil para o envio dos dois naipes para os Jogos Sul-Americanos. Por fim, ainda aprovou outro recurso extraordinário de R$ 493 mil para que a seleção feminina júnior jogasse o Mundial. Nesta segunda-feira, o Brasil ficou de fora do Mundial sub-18 feminino, sendo substituído pela Áustria também por motivos financeiros.
Globo Esporte