Pré-sal responde por quase metade do petróleo produzido no país e fatia de estrangeiras chega a 33%

navio plataformaPassados 11 anos do anúncio da sua descoberta, o pré-sal já responde por praticamente metade do total de petróleo e gás natural produzido no Brasil e tem impulsionado o avanço da participação das petroleiras estrangeiras no setor. A fatia das empresas privadas já representa 33% do total da produção no pré-sal. Com a entrada em operação do bloco de Libra e a retomada do calendário de leilões, a tendência é que a participação da Petrobras caia ainda mais nos próximos anos.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a participação da Petrobras na produção total no país caiu de um patamar acima de 90% até 2013 para 77% em 2017. No pré-sal, a fatia atual da estatal é menor, de 67%.

A produção do pré-sal vem crescendo ano a ano e alcançou 1,677 milhão de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em setembro, o correspondente a 49,8% do total produzido no Brasil. Em outubro, houve uma queda de 2,9% em relação ao mês anterior, e a participação do pré-sal ficou em 48,6% do total. Na comparação anual, entretanto, o volume de óleo extraído cresceu 14,3%.

Até 2012, o pré-sal ainda representava menos de 10% da produção total nacional. No final de 2014, já correspondia a 25%. Em 2016, alcançou os 40% e desde então vem batendo sucessivos recordes. Em junho de 2017, a produção no pré-sal ultrapassou pela primeira vez a do pós-sal. A expectativa agora é superar também a soma da produção do pós-sal e dos campos terrestres.

“Os 50% já estão dados. Se não for no próximo mês, vai ser em breve. Praticamente tudo o que é novo está no pré-sal e a tendência é que com a entrada dos novos projetos essa participação cresça ainda mais rápido”, afirma Walter de Vitto, economista da consultoria Tendências.

Segundo o analista, o avanço das estrangeiras vem ocorrendo gradativamente à medida em que muitos dos novos campos que tem entrado em operação não são mais 100% da Petrobras. “No pré-sal, a participação dessas empresas cresce num ritmo mais rápido. Há campos em que a Petrobras tem 30%, 40% da produção. Então, é natural que ocorra uma diluição”, explica.

Atualmente, Shell (Reino Unido), Petrogal (Portugal) e Repsol Sinopec (Espanha) são as únicas estrangeiras com produção no pré-sal, com participação de 21%, 6% e 5% respectivamente no volume total extraído. Outras estrangeiras, no entanto, começam a entrar.

O Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), que representa as petroleiras no Brasil, estima que a fatia das empresas privadas na produção total de petróleo no país poderá passar de 30% até 2030. Já no pré-sal, as projeções do mercado apontam para a participação ainda maior até o final da próxima década.

Segundo ele, o pré-sal brasileiro e o Oriente Médio são hoje as duas áreas do mundo mais interessantes para as petroleiras e com maior potencial para aumentar a produção global.

Evolução do pré-sal

O número poços em produção no pré-sal subiu para 79 em outubro, ante 66 no mesmo mês do ano passado. “Apesar de serem muito profundos, a operação no pré-sal requer furar poucos poços, o que torna o custo muito mais atraente”, afirma Vitto.

Atualmente, são 14 campos. Embora a Petrobras ainda seja a única operadora no pré-sal, em vários campos a estatal divide a produção com parceiros. No campo de Lula, responsável por 60% de toda a produção do pré-sal, a Shell tem participação de 25% e a Petrogral, 10%. Em Sapinhoá, o 2º maior campo, consórcio é formado por Petrobras (45%), Shell (30%) e Repsol Sinopec (25%).

No dia 30 de novembro, foi declarada a comercialidade no campo de Libra, o primeiro do país sob o regime de partilha, marcando o início da produção do consórcio formado por Petrobras (40%), Shell (20%), a francesa Total (20%), e as chinesas CNPC (10%) e CNOOC Limited (10%).

No final de outubro, outras 6 áreas do pré-sal foram arrematadas, e pela 1ª vez sem a obrigatoriedade da Petrobras como operadora. Entre as empresas que também passarão a explorar o pré-sal estão Statoil (Noruega), ExxonMobil, (EUA), BP Energy (Reino Unido) e QPI (Catar).

 “O ritmo de produção no pré-sal só não vai aumentar mais porque ficamos 6 anos sem realizar nenhum leilão”, afirma Pires, destacando que costuma levar de 7 a 10 anos entre o leilão e o início da produção.

Perspectivas para o pré-sal

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), projeta que, considerando apenas a produção de petróleo no país, a participação do pré-sal chegará a 58% em 2020, atingindo 74% até 2026. Considerando o calendário de leilões programados até 2019, a EPE prevê que a produção total no Brasil poderá dobrar em 10 anos, chegando a 5,2 milhões de bpd até 2026.

O crescimento da produção das petroleiras, entretanto, também depende de variáveis como evolução do preço internacional do barril de petróleo e disposição de investimentos das empresas.

Com a retomada de um calendário de rodadas de licitação e o fim da regra que obrigava a Petrobras a ser a operadora única do pré-sal, a expectativa é de retomada gradual dos investimentos no setor e um ritmo de crescimento maior da produção.

“O governo melhorou o ambiente de negócios e os últimos leilões mostraram o que esse sinal pode trazer de resultados”, afirma Antonio Guimarães, secretário-executivo do IBP, citando as ofertas mais ousadas vistas nos leilões de setembro e outubro.

G1

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