Candidato reclama de retirada de postulação pelo PT da Paraíba

Dalmo OliveiraO jornalista Dalmo Oliveira emitiu uma nota aos principais veículos de Comunicação do Estado para explicar sua saída da disputa por uma vaga a deputado federal nas eleições deste ano. No texto, ele responsabiliza o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores pela decisão e ainda reclama de falhas graves na prestação de informações do diretório estadual da sigla à Justiça Eleitoral.  “Fui pego de surpresa com a informação de que o partido não havia me registrado como filiado, em tempo hábil, junto à Secretaria Eleitoral do TRE, o que poderia gerar minha automática desclassificação do pleito, mesmo eu estando filiado internamente a esta agremiação partidária desde o ano de 2011, inclusive com as contribuições partidárias em dia junto à tesouraria do partido”.
Confira a íntegra do texto:
COMUNICADO AO POVO PARAIBANO
 
Venho, pelo presente, informar a exclusão, junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TER), de minha candidatura a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, por determinação da coordenação da coligação “A Força do Trabalho”. Informo, adicionalmente, que o cancelamento da candidatura se deu, supostamente, por motivos organizacionais e administrativos da referida coligação e do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores em João Pessoa, e não por minha decisão pessoal.
 
Nas últimas semanas fui submetido a um processo constrangedor junto à referida coligação que, por um erro de cálculo nas vagas para a disputa do cargo a deputado federal, inscreveu um número de candidatos maior do que a coligação teria direito, segundo a legislação eleitoral. Dessa forma a referida coligação descartou alguns concorrentes de cada partido coligado, e, no Partido dos Trabalhadores, minha candidatura foi a escolhida para sanar o equívoco organizacional e contábil.
 
Além do mais, fui pego de surpresa com a informação de que o partido não havia me registrado como filiado, em tempo hábil, junto à Secretaria Eleitoral do TRE, o que poderia gerar minha automática desclassificação do pleito, mesmo eu estando filiado internamente a esta agremiação partidária desde o ano de 2011, inclusive com as contribuições partidárias em dia junto à tesouraria do partido.
Todavia, fui submetido a um processo constrangedor pela referida coligação que, antes de qualquer julgamento do Tribunal, retirou uma candidatura legítima, que, iniciada junto ao eleitorado paraibano, se mostrava com boa aceitação e potencial de crescimento.
 
Frustração e impotência diante da retirada da candidatura atingiram a todas e todos, cidadãs e cidadãos comuns, das classes mais desfavorecidas e dos movimentos sociais, que juntamente comigo acreditam em ideais sociais autênticos, igualitários e democráticos.
Entrei na disputa eleitoral esse ano, pela primeira vez, consciente das prováveis barreiras econômicas, políticas e burocráticas que encontraria pela frente. Venci a maioria delas, mas não pude vencer o racismo institucional que assola as organizações partidárias, especialmente no seio dos partidos com os quais o PT da Paraíba se coligou esse ano. O descarte de minha candidatura é a prova inequívoca do preconceito que políticos profissionais nutrem em relação ao ativismo social, com os candidatos representantes das “minorias”, enfim, com a população negra paraibana, que nossa candidatura tão bem poderia representar.
 
Nossa intenção básica inicial era tão somente utilizar a exposição midiática que a campanha eleitoral nos proporcionaria para tirarmos da invisibilidade social na Paraíba problemas importantes que atingem negras e negros paraibanos, especialmente uma doença hereditária que possuo chamada “anemia falciforme”. Queríamos falar das dificuldades que enfrentam as comunidades quilombolas, a nação indígena Tabajara, os povos ciganos e os religiosos de matrizes sagradas afrobrasileiras.
 
Agradeço, penhoradamente, a todas e todos que, nos últimos meses, me apoiaram e depositaram sua fé cidadã nessa empreitada, especialmente minha família, os amigos, companheiras e companheiros mais próximos.
 
JOÃO PESSOA, EM 20 DE AGOSTO DE 2014.
 
DALMO OLIVEIRA DA SILVA
Jornalista e ativista dos movimentos sociais negros da Paraíba

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