Mariana: ONU diz que tragédia de Mariana foi um crime ambiental

Mariana crime ambientalDocumento divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a tragédia de Mariana faz severas críticas às autoridades brasileiras, sobretudo, quanto à falta de garantias de abastecimento d’água às populações afetadas. Para o organismo internacional, o que houve não poderia ser visto como acidente, mas, sim, um crime. A ONU alerta que mais de um mês após o despejo de toneladas de dejetos com o rompimento da barragem da mineradora Samarco no Rio Doce, centenas de milhares de pessoas em Minas e Espírito Santo ainda sofrem com interrupções no abastecimento de água. O órgão anunciou que fará inspeção em Mariana, cidade mais afetada, onde 15 pessoas morreram e outras quatro continuam desaparecidas. A Samarco não revelou ainda as causas do acidente.

Essa é a terceira vez em duas semanas que a ONU emite comunicado sobre o desastre no Brasil. Agora, a preocupação é com a água. “Compreensivelmente, as pessoas estão preocupadas com a qualidade da água distribuída pelos sistemas de abastecimento que já foram restabelecidos. Também estão frustradas por receberem informações inconsistentes e inadequadas sobre a segurança da água, por parte das diferentes autoridades”, adverte o relator da ONU, o brasileiro Léo Heller.

Segundo a ONU, algumas análises da água e dos sedimentos do Rio Doce revelaram “níveis de elementos tóxicos que superam os níveis aceitáveis”.

Contradições sobre poluição

As análises reveladas pela ONU da presença de metais pesados na lama que cobriu mais de 826 quilômetros do Rio Doce até o mar, no Espírito Santo, contradizem a informação distruída pela Samarco, na semana passada, e do próprio ministro da Integração Nacional, Gilberto Magalhães Occhi.

No dia 20, em visita a Governador Valadares (MG), o ministro garantiu que a água poderia ser tratada e consumida sem riscos pela população.

“A água do Rio Doce, tratada em seus diversos trechos, é normal e passível de ser tomada, de ser usada por toda a população. Não há risco de contaminação do rio, não há metais pesados”, garantira o ministro à época.

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