Muricy Ramalho é apresentado como novo técnico do Flamengo
Acabou a espera. O técnico Muricy Ramalho foi apresentado pelo Flamengo na noite desta terça-feira.
Fiquei muito honrado. Escolhi pelo tamanho que é o Flamengo. Ganhar no Flamengo deve ser muito legal, vivo disso. Espero colaborar em estrutura e títulos – disse o treinador, apresentado pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello como “campeão de tudo”.
Ele chega para ficar conosco por dois anos, e vai ficar mesmo – disse Bandeira, ironizando os questionamentos sobre a constante troca de treinadores.
O técnico vestiu a camisa 1 na apresentação. O número não é usado pelos jogadores. Confira outros trechos da entrevista:
Reciclagem e o novo desafio
“A gente ficou um pouco afastado do futebol para cuidar da saúde e da família. Na segunda etapa, estudei um pouco. Olhei a tendência no mundo, em todas as áreas, futebol e administrativo, base. Tivemos essa conversa de unificar as categorias, escolher um modelo de jogo, treinamentos específicos para todas as categorias. E não é para ser tão rápido, mas é importante para quando chegar ao profissional já estar adaptado. Vou ter essa autonomia. E, junto com isso, não adianta se não ganhar, tem que ter resultado. É isso que vamos tentar fazer”.
CT
“Estive agora à tarde lá. Faltam muitas coisas. Mas isso foi falado. Em janeiro vai estar melhor, com projeto emergencial. Não tem como no futebol hoje não ter isso, depender da sorte. Tem que melhorar, ver porque os outros estão na frente. Só observar. Esse é o caminho. A gente percebe que isso vai acontecer aqui no Flamengo. Houve a etapa de sanear o clube financeiramente, e agora no da estrutura, e estou aqui para ajudar, tenho experiência nisso”.
Tudo é importante. Planejamento. Projeto. Ideias. Mas se não tiver o resultado, não dá para caminhar só com isso
Muricy Ramalho
Maior desafio em 2016
“O desafio maior é conquistar. Tudo é importante. Planejamento. Projeto. Ideias. Mas, se não tiver o resultado, não dá para caminhar só com isso. Tem que ir junto. Estamos num país que é assim. Um clube como o Flamengo, uma potência, não pode esperar muito tempo sem resultado”.
Jogadores em baixa em 2015
“São jogadores que tem história no futebol, Guerrero e Cirino, há pouco tempo não podem ter esquecido de jogar. Às vezes faz parte tentar melhorar em todos os sentidos, não só no domingo e na quarta. Precisa saber, ver os números, para ver quais foram os problemas. E tentar corrigir. Mas são importantes e vão estar com a gente ano que vem”.
Se olhar meu histórico, a maioria dos meus contratos eu termino. Porque sou um cara que conquista
Muricy Ramalho
Troca de treinadores
“Não sou um cara inseguro. Ao contrário. Na minha carreira escolhi muito bem os lugares em que eu trabalhei, por isso conquistei muito. E acho que estou fazendo a escolha correta. A gente tem contrato de dois anos, que pode estender. E, se olhar meu histórico, a maioria dos meus contratos eu termino. Porque sou um cara que conquista. Isso é uma segurança. Devo ficar os dois anos e até um pouco mais”.
Quem fica e quem sai
“Ainda é curto esse período de se arrumar até ano que vem. Damos mais importância a quem vai chegar. O que estamos pensando em termos de jogador não é fácil. Não é só contratar para justificar. Tem que ser um grande jogador para vir para cá. Vamos trabalhar em cima do que podem chegar. Os demais a gente vê depois”.
O que mudou
“Claro que você melhora. Tem que esperar o dia a dia, os campeonatos… Acho que foi muito válido, estou melhor. A vida é assim. Conversar com as pessoas, ver jogos, acho que volto melhor. Estou invicto há oito meses (risos). Estou que nem vocês, que nunca perdem. Nós não temos férias, jogador tem. Eu tinha esquecido o que era isso. Futebol é uma bolha. Estou renovado, com força, vontade, legal, mas estou invicto”.
Zico
“Participei da campanha dele na Fifa, achava melhor ele na CBF. Trabalhar em um clube que teve Zico é fantástico, diferente. Já tive a experiência de jogar contra, ter toda a nação contra. Agora a favor. Isso é fundamental entender. Eu visto a camisa mesmo”.
Barcelona
“A parte administrativa e a base me chamaram a atenção. Também vi a parte técnica. A gestão é profissional. Isso não tem mais volta. E lá é tudo. A questão da base dá para fazer aqui. Unificar ideia de futebol, escolher modelo, com os professores. Identificar o que é o Flamengo e trabalhar em cima disso. O técnico não traz, se adapta ao clube. Isso no Brasil tem que mudar. Aqui se muda toda hora de filosofia. Chega na terça pra ganhar na quarta. Conversei com a diretoria e vou conversar com o pessoal da base”.
Tem que entrar para ganhar todas as competições. Não é pressão. É obrigação
Muricy Ramalho
Títulos
“Tem que entrar para ganhar todas as competições. Não é pressão. É obrigação. É normal. Se não fica desculpa que tem que ter tempo. Preciso ganhar. Estou no Brasil. Tem que ser realista. Senão, fico acomodado. Tenho dois anos, mas não é bem assim. Se olhasse a parte financeira, não estaria aqui. Estou com outro pensamento. Vencer aqui vai ser diferente. Estou igual à diretoria. Com vontade de melhorar tudo”.
Maneira de jogar
“O futebol muda. Hoje tem diferença. As linhas mais juntas, controle de jogo, e a intensidade, transição rápida. Lá atrás era diferente. A bola parada, tem que treinar. O Flamengo, nos números, toma muito gol assim. Tem que treinar. Tem que fazer sempre. Uma deficiência que eu vi foi essa. Alguma coisa está errada”.
Base
“Não dá para acreditar que um mirim, infantil, perde campeonato e o técnico é mandado embora. Não tem filosofia de nada. É importante resultado, desde garoto tem que ensinar a ganhar. Mas mudar toda hora? Por isso quero tentar implantar, não forçar, achar um modelo, e os técnicos trabalharem nele, fazer jogadores. O diretor da base tem que entender isso. Se quiser forçar a ganhar troféu é complicado. Até na base mandamos técnico embora. No Barcelona todos treinam igual. Até as meninas”.
Estadual
“Isso é coisa do clube. Vou cuidar do time. A estratégia é usar time alternativo. A ideia era separar, mas não dá. Senão não conheço os garotos, que eu quero dar oportunidade. Levar 38 para Mangaratiba é difícil, mas vamos alternar horários para treinar os times que vão disputar um campeonato e outro. Jayme tem minha confiança. Não posso ficar longe do futuro que é a molecada. Vou ver jogos e terá uma pessoa para dirigir”.
Reforços
“Número é difícil. Flamengo está aberto a bons negócios. Tem setores como meio-campo, o pensador do time, um defensor. Mas tem que ser nível A. Tem muitos jogadores mas não dessa qualidade”.
O cara recebe para estar aqui. Tem que dar as coisas de volta. Ser disciplinado, ter comprometimento, se comportar bem, dar resultado
Muricy Ramalho
Cartilha
“Não é nada autoritário. Mas o básico de um grande time. Faz parte do trabalhador. O cara recebe para estar aqui. Tem que dar as coisas de volta. Ser disciplinado, ter comprometimento, se comportar bem, dar resultado. Essa palavra é importante. Vai ser cobrado sobre resultado. Jogar bonito é muito legal e romântico. Mas não tem saída. O treinador é um grande cobrador de objetivos. E isso vai ser cobrado. As pessoas pensam que sou superdisciplinador. Cobro normal. Agora, cobro mesmo. Alguém tem que cobrar. E esse alguém é o treinador”.
Sheik e Samir
“Fomos campeões juntos. Ele foi morar no prédio que eu me mudei. É um mala (risos). Mas gosto de trabalhar (com ele). Vencedor, não pipoca, é parceiro, dá a vida. Estou feliz de voltar a trabalhar com ele, (com alguém com) o currículo dele. É fundamental no Flamengo. Samir tem negociações, vamos ver, estamos no começo”.
Kaká
“É um fora de série. Fez a diferença no São Paulo. Exemplo positivo. Comanda em campo. Mas não falamos no nome dele. Ele tem contrato com o Orlando. Não foi um nome falado”.
Postura dos jogadores
“Não dá para existir esse tipo de jogador, que tanto faz ganhar ou perder. Isso é natural. Nada demais. Vai ser cobrado. Não sou pai e babá dos caras. Vou exigir o mínimo. Não pode sair do campo e… Tem que pensar no torcedor. Esse tipo de jogador não convence mais. Todo mundo quer vir para o Flamengo, organizado… Mas e o resto? Tem que dar resultado. E vai ser pressionado para isso. Senão fica quem nem eu lá em Ibiúna, onde eu estava, com pêssego e cerveja…”
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