Skate na Base: projeto da PMJP usa o esporte como ferramenta de inclusão social
Mais do que andar sobre rodas, o skate também é um estilo de vida. Seja pelo jeito de se vestir ou pela forma de se comunicar, é fácil identificar quem é adepto do esporte das manobras radicais. Mas o que pouca gente sabe é que o skate também vem sendo usado em João Pessoa como instrumento de promoção da cidadania e inclusão social.
Essa é a aposta da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), que por meio da Secretaria de Juventude, Esporte e Recreação (Sejer), desenvolve o projeto ‘Skate na Base’ para cerca de 100 crianças da cidade. São aulas gratuitas funcionando em quatro polos – Praça da Juventude, no Bairro das Indústrias; Praça do Coqueiral, em Mangabeira; Praça da Amizade, no Rangel; e no Centro de Treinamento Ivan Tomaz, no Valentina Figueiredo.
Para participar, a garotada precisa apresentar declaração comprovando um bom desempenho escolar e termo de responsabilidade concedido pelos pais ou responsáveis. “Trabalhar lado esportivo é importante, mas a responsabilidade social é o que move o projeto”, afirma Jason Alexander, coordenador de Esportes Radicais da Sejer.
Em pouco mais de três meses de atividade, o projeto tem avançado nos dois aspectos e já começa a colher os primeiros frutos. Para o esporte, despontam futuros campeões. Para a sociedade, bons cidadãos, como se vislumbra nos garotos Jan Carlos Romão, 12 anos, e José Almir Feitosa, 14 anos.
“É uma oportunidade que a gente tem de aprender um esporte diferente e fazer novas amizades”, afirma Jan, que divide um dos skates cedidos pela Sejer para as aulas no projeto com o colega José Almir.
“Se não tivesse a praça e o projeto, talvez estivéssemos na rua jogando bola como fazíamos antes. Hoje não me arrependo de trocar o futebol pelo skate, e mesmo que não se torne um atleta profissional no futuro, as lições que se aprendem, os amigos que fiz, e tudo que estamos vivenciando já valem a pena”, afirma José Almir.
Promessas sobre quatro rodas – Na mesma praça, o jovem Stephannio Antas, 15 anos, desponta como uma promessa no skate. As aulas no projeto são levadas tão a sério que ele não pensa duas vezes quando perguntado sobre qual carreira seguir no futuro. “Skatista”, diz com firmeza. “É meu sonho. Pode está longe de se concretizar, mas acredito que estou no caminho certo”, concluiu.
Mas é na Praça do Coqueiral, no bairro de Mangabeira, que o ‘Skate na Base’ guarda a sua maior jóia. Treinando sob os olhares do professor Carlos Eduardo (Dudu) e do pai Jair Bezerra, Jailton Silva, 15 anos, impressiona nas manobras radicais. Campeão do circuito das praças em 2012, o jovem atleta ver no projeto a possibilidade de aprimorar a técnica para disputar competições futuras.
“Cara, esse é o esporte que eu amo e seria muito bacana viver do skate. Já faz quatro anos que pratico, e vejo que consegui evoluir muito desde que o professor me convidou para fazer parte do projeto”, afirma o jovem atleta.
Orgulhoso do filho, Jair Bezerra valoriza o caráter social do Skate na Base que, segundo ele, possui a fórmula ideal. “Esporte com foco nos estudos. É como falo sempre pra ele: se quiser levar o skate a sério, precisa levar os estudos também a sério, assim terá sempre o meu apoio”.
Quebrando paradigmas – O skate chegou ao Brasil por volta da década de 70, teve grande ascensão a partir das décadas de 80 e 90, quando tomou conta dos grandes centros urbanos, local em que nasceu também o preconceito em torno da figura do skatista, comparado até mesmo com marginais.
Quem comprova essa realidade são dois dos professores do Skate na Base que enfrentaram o preconceito como adversário quando eram atletas. “Diziam que era coisa pra quem não liga para os estudos, para família, entre outras coisas. Mas o importante é que a coisa mudou. Hoje os pais deixam os filhos no projeto e veem como o skate é uma família”, afirma Márcio Alexandre, professor do núcleo que funciona na Praça da Juventude, no Bairro das Indústrias.
Uma das primeiras lições que se aprende no skate é levantar quando cair. O ensinamento encorajador não deixa dúvidas: é um esporte de superação e para quem tem atitude, seja para erguer troféus ou para vencer na vida.
“O skate é responsável por tudo que sou hoje. Como atleta tive a oportunidade de viajar o país inteiro. Passar essa experiência para a molecada é algo que não tem preço. Skate na Base resume bem a importância desse esporte na vida de uma criança ou adolescente”, disse Carlos Eduardo (Dudu), professor do núcleo da Praça do Coqueiral, em Mangabeira.
Programação do Projeto Skate na Base:
Praça da Juventude (Bairro das Indústrias)
Aulas – Terças, quintas e sextas, das 15h 30 às 17h
Professor Márco Alexandre
Praça do Coqueiral (Mangabeira)
Aulas – Terças e quintas, das 17h às 19h
Professor Carlos Eduardo (Dudu)
Praça da Amizade (Rangel)
Aulas – Segundas, quartas e sextas, das 15h às 17h
Professor Jonharly Geninho
Centro de Treinamento Ivan Tomaz (Valentina)
Aulas – Quintas e sextas, das 14 às 17h
Professora Luana Barros
Secom/JP