Com mais 2 ouros, 1 prata um bronze, judô leva 13 medalhas
O último dia de disputas do judô no Jogos Pan-Americanos de Toronto teve mais duas medalhas de ouro para o Brasil. E elas vieram em alto estilo. O primeiro, com o bicampeonato de Luciano Corrêa, de 32 anos, na categoria meio-pesado (100kg); o segundo, com um ippon-relâmpago incrível na final de David Moura, substituto do cortado Rafael Silva no pesado (+100kg). O golpe aplicado por David contra o equatoriano Freddy Figueroa foi tão rápido, em 13 segundos de luta, que o site oficial da competição demorou cerca de 15 minutos para atualizar a vitória – o que normalmente é feito em tempo real.
Mais cedo, a atual campeã mundial do meio-pesado (78kg) Mayra Aguiar levou o troco da arquirrival Kayla Harrison e teve que se contentar com a prata. Agora, o confronto direto entre as duas volta a ficar empatado: 7 x 7. Mayra vinha de três vitórias seguidas sobre a rival, incluindo a eliminação de Kayla na semifinal do Mundial do ano passado, na Rússia. O Brasil ainda conquistou a medalha de bronze com a pesado Maria Suelen Altheman. Depois de quase um ano parada por conta de uma cirurgia no joelho, a paulista voltou às competições e já subiu no pódio.
– É um Pan muito especial, que antecipa os Jogos Olímpicos do Rio, então é bom saber que estamos no caminho certo. Estou muito feliz por ganhar esse ouro um ano antes dos Jogos. Ser bicampeão do Pan é muito bom – vibrou Luciano, que foi campeão em Guadalajara 2011 e bronze no Rio 2007.
O judô brasileiro termina sua participação nos Jogos de Toronto com 13 medalhas conquistadas, de 14 possíveis. Um excelente aproveitamento, mas que não atinge a meta estabelecida pela Confederação Brasileira (CBJ). O objetivo era terminar o Pan com a presença de todos os atletas no pódio. Foram cinco ouros, duas pratas e seis bronzes. Apenas Alex Pombo (73kg) perdeu a disputa do 3º lugar e ficou sem medalha.
Os ouros de Luciano e David
Em busca do bicampeonato consecutivo do Pan, Luciano demonstrou vontade para voltar para casa com mais um ouro. Na estreia, o campeão mundial de 2007 aplicou um ippon no venezuelano Anthoni Pena (59º). Sempre brigador, o brasiliense encarou na semifinal o argentino Hector Campos (35º) e conseguiu mais um triunfo por ippon, dessa vez por imobilização. O atual 14º do ranking mundial tinha a vaga em mais uma final pan-americana.
Na decisão, o veterano teve pela frente o representante da casa Marc Deschenes, número 49 do mundo. A luta foi truncada, mas dominada pelo brasileiro durante os cinco minutos de combate. Sem conseguir atacar, o canadense foi sofrendo punições seguidas, até ser eliminado quando chegou à quarta. Melhor para Luciano, que venceu e comemorou o segundo título nos Jogos. Os bronzes ficaram com o argentino Hector Campos e com o cubano Jose Armenteros.
Já David Moura tinha o peso de substituir o medalhista olímpico Rafael Silva, cortado por lesão. Número 11 do ranking mundial dos pesados, ele teve uma estreia fácil contra o peruano Joshua Vasquez. Venceu por ippon em 1min20s de combate. Na semifinal o matogrossense mediu forças com o venezuelano Pedro Pineda (57º). Dessa vez, David encontrou mais dificuldade. No minuto final, porém, encaixou um bom golpe e conseguiu um ippon para avançar à final em sua primeira participação em Pans.
Na decisão, ele arrancou aplausos das arquibancadas com um ippon-relâmpago, que deixou estático até quem comanda o tempo real no site do Pan de Toronto. Em 13 segundos, ele aplicou um ura-nague – golpe plástico e bonito – e venceu sem deixar dúvidas.
A prata de Mayra
Principal nome da seleção brasileira feminina no Pan de Toronto, Mayra Aguiar, número 5 do ranking, tinha como única meta a conquista da medalha de ouro. Na estreia, atropelou a mexicana Liliana Cardenas. Bastaram 47 segundos para que a medalhista olímpica de bronze em Londres 2012 encaixasse um uchi-mata para conseguir um ippon. Na semifinal, demonstrou bastante respeito pela cubana Yalennis Castillo, vice-campeã olímpica em Pequim 2008 e agora número 23 do mundo. Foi uma luta truncada, baseada na constante troca de pegadas e poucas tentativas de entradas de golpe. Mais tranquila, a gaúcha acabou vencendo por forçar duas posições da oponente. Era confirmado mais um encontro entre a brasileira e a americana Kayla Harrison, atual campeã olímpica.
A mais esperada final do judô em Toronto começou estudada. As rivais se reencontravam no tatame pela 14ª vez. A vantagem era da brasileiro: 7 x 6. As duas se defendiam bem, mas a americana parecia mais confiante. No último minuto de luta, Mayra tomou uma penalidade e ficou atrás no placar. Foi para cima tentar virar, mas nos segundos finais sofreu uma chave de braço e bateu. Resultado, ippon para Kayla, e o duelo voltou a ficar igual: 7 x 7. Completaram o pódio a cubana Yalennis Castillo e a canadense Catherine Roberge.
– Lógico que não estou satisfeita. Eu queria o ouro! Quero voltar o quanto antes aos treinos para consertar os erros e melhorar. Mesmo assim, a prata é um resultado bom em uma categoria tão dura quanto a minha – avaliou a gaúcha.
O bronze de Suelen
Em sua primeira competição desde uma grave lesão no joelho direito na final do Mundial da Rússia, em agosto do ano passado, Maria Suelen tinha tudo para reencontrar a causadora do seu afastamento e sua algoz nas finais dos dois últimos Mundiais, a cubana Idalys Ortiz. Porém, a número 10 do ranking da categoria pesado não conseguiu chegar à decisão contra a atual campeã olímpica, bicampeã mundial e número 1 do mundo.
Suelen estreou com uma empolgante vitória de ippon sobre a venezuelana Emileidy Lopez (84ª). Porém, quando tinha tudo para manter a toada e já garantir ao menos o bronze, a paulista não conseguiu dominar a pegada e foi derrotada pela mexicana Vanessa Zambotti (20ª) por um yuko. Na luta pelo bronze, Suelen atropelou a dominicana Leidi German (58ª) com um ippon em menos de um minuto de luta. O título ficou com a cubana Ortiz, que bateu a mexicana Zambotti.
– Essa foi a minha primeira competição após nove meses sem competir. Estou comemorando o bronze como se fosse o ouro. É um presente para mim. Eu sempre quero ser campeã, mas não fiquei triste pelo bronze. (Abracei primeiro) a minha fisioterapeuta, que me aguentou por nove meses, ela foi a cereja do bolo na minha recuperação – comemorou Maria Suelen.
Resultados do dia
Meio-pesado feminino (78kg)
1º Kayla Harrison (EUA)
2º Mayra Aguiar (BRA)
3º Yalennis Castillo (CUB)
3º Catherine Roberge (CAN)
Meio-pesado masculino (100kg)
1º Luciano Corrêa (BRA)
2º Marc Deschenes (CAN)
3º Hector Campos (ARG)
3º Jose Armenteros (CUB)
Pesado feminino (+78kg)
1º Idalys Ortiz (CUB)
2º Vanessa Zambotti (MEX)
3º Maria Suelen (BRA)
3º Nina Cutro-Kelly (EUA)
Pesado masculino (+100kg)
1º David Moura (BRA)
2º Freddy Figueroa (EQU)
3º Jose Cuevas (MEX)
3º Alex Garcia (CUB)
Todas as medalhas do judô em Toronto
Ouro (5):Érika Miranda (52kg), Charles Chibana (66kg), Tiago Camilo (90kg), Luciano Corrêa (100kg) e David Moura (+100kg)
Prata (2): Felipe Kitadai (60kg) e Mayra Aguiar (78kg)
Bronze (6): Nathália Brígida (48kg), Rafaela Silva (57kg), Mariana Silva (63kg), Victor Penalber (81kg), Maria Portela (70kg) e Maria Suelen (+78kg)
Sem medalha (1): Alex Pombo (73kg)
GE