Setor siderúrgico pede ao governo brasileiro que negocie com governo Trump para evitar impactos nas exportações
O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, afirmou que o setor pediu ao governo brasileiro que intensifique as negociações com o governo Trump
A indústria do aço no Brasil está mobilizada para buscar uma solução diante das novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, que entraram em vigor nesta quarta-feira, aponta reportagem da jornalista Geralda Doca no Globo
O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, afirmou que o setor pediu ao governo brasileiro que intensifique as negociações com a administração do presidente norte-americano, Donald Trump, para restabelecer o sistema de cotas que vigorava desde 2018. O mecanismo isentava as importações de impostos, desde que respeitados os limites de 3,5 milhões de toneladas de produtos semiacabados e 687 mil toneladas de laminados por ano.
“Queremos restabelecer esse sistema que estava em vigor desde 2018 e que caiu com a decisão do presidente Donald Trump de sobretaxar o aço”, declarou Lopes, após se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os secretários Rogério Ceron, do Tesouro Nacional, e Guilherme Mello, de Política Econômica.
O executivo destacou ainda a preocupação com o possível desvio de comércio, fenômeno que ocorre quando produtos que antes eram destinados a um mercado passam a buscar outros países devido a barreiras comerciais. Segundo ele, o setor aguarda os desdobramentos das tratativas entre os governos brasileiro e norte-americano. Lopes avaliou a reunião com Haddad como positiva e ressaltou que o ministro tem sido sensível aos pleitos da indústria siderúrgica.
Impactos econômicos e expectativas de negociação
A taxação imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio entrou em vigor sem exceções, afetando diretamente o Brasil, que exporta mais de 50% do seu aço para o mercado norte-americano. Em nota, o Instituto Aço Brasil afirmou que o sistema de cotas anterior “atendeu não somente o interesse do Brasil em preservar o acesso a seu principal mercado externo do aço, mas também o da indústria de aço dos Estados Unidos”.
Dados do setor mostram que, em 2024, o Brasil respondeu por quase 60% da demanda das usinas dos Estados Unidos por placas, totalizando 5,6 milhões de toneladas. No entanto, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que as novas tarifas podem causar uma perda de US$ 1,5 bilhão nas exportações do setor siderúrgico brasileiro neste ano, além de uma redução na produção de quase 700 mil toneladas.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, expressou otimismo em relação à possibilidade de negociação entre os dois países. “Entendemos que a negociação é o melhor caminho para Brasil e EUA neste momento. Se houver um acordo, a tendência é de que a exportação de aço brasileiro aumente para os Estados Unidos, com um cenário positivo. Entretanto, se o bom senso não prevalecer, haverá consequências para parte da indústria siderúrgica naciona”, afirmou Roscoe.
Com Brasil 247