Estadão: prisão de Braga Netto é a prova de como Bolsonaro desmoralizou as Forças Armadas
Em editorial, jornal aponta o estrago institucional causado pelo bolsonarismo
O jornal O Estado de S. Paulo destacou, em editorial publicado neste domingo, o impacto institucional da prisão preventiva do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Bolsonaro, sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado. A prisão, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após consulta à Procuradoria-Geral da República (PGR), foi classificada como um marco histórico que expõe o profundo desgaste das Forças Armadas devido à instrumentalização política durante o governo Bolsonaro.
Segundo a Polícia Federal (PF), Braga Netto é suspeito de ser uma figura central na conspiração que visava impedir a posse do presidente Lula, incluindo supostos planos de violência contra autoridades. As investigações ganharam força após a colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que, segundo relatos, forneceu informações cruciais sobre o esquema golpista.
“O bolsonarismo não apenas desmoralizou as Forças Armadas, mas colocou em xeque a credibilidade de uma instituição que deveria ser o pilar da defesa da democracia”, afirmou o Estadão no texto. O editorial também destacou que a prisão de Braga Netto é um episódio inédito na história recente do Brasil, marcando o rompimento de uma tradição de leniência em relação a militares suspeitos de crimes comuns, prática enraizada desde a redemocratização.
Walter Braga Netto, que ocupou cargos de destaque como chefe do Estado-Maior do Exército, ministro da Defesa e interventor federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro, foi também candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. Sua prisão preventiva foi justificada pela PF devido a indícios de destruição de provas e coação de testemunhas. “São elementos que configuram, de forma clara, a necessidade de sua detenção para a garantia da investigação”, explicou a decisão judicial.
Ainda segundo o editorial, a prisão de Braga Netto simboliza o enfrentamento necessário aos “excessos do bolsonarismo”, que teria incentivado um ambiente de desrespeito às instituições democráticas. O jornal concluiu que “o Brasil só poderá alcançar estabilidade política plena quando os responsáveis por tentativas de golpe forem julgados e condenados dentro do rigor da lei”.
A análise reflete a crescente percepção de que figuras de alto escalão no governo Bolsonaro operaram de maneira deliberada para subverter o Estado Democrático de Direito. Como sublinhou o Estadão, a detenção de Braga Netto é “uma prova de que a Justiça começa a alcançar os que tentaram colocar o país em colapso institucional”.