Morre Paraiba do Forró, showman, já chamado de “Bob Dylan do Sertão”
Morreu na madrugada deste domingo, José Antônio Bandeira, 82 anos, conhecido como Paraíba do Forró, um showman que atuou por muito tempo cantando e tocando nos ônibus de João Pessoa e Santa Rita, também fazendo shows. Ele chegou a participar do Caldeirão do Hulk e foi tema de documentários.
Natural de Itabaiana (PB), nascido no dia 24/03/1942, Paraíba do Forró era radicado em Santa Rita onde foi criado pelo pai e pela mãe, Isabel Bandeira. Ela personalidade folclórica na década de 60 e 70, popularmente conhecida como Vassoura.
Paraíba era extremamente habilidoso, compositor e percussionista. Começou a tocar na praça Pátio de São Pedro, em Recife. Na época, chamava atenção tocando um instrumento com um pente e um copo, depois usando um pente e um cano de PVC, já dando sinais da enorme capacidade de entreter e criar instrumentos.
O nome Paraíba do Forró surgiu no começo da carreira. Quando se apresentou no programa de TV de Jota Ferreira cantando “Sinhá Pureza”, de Pinduca. Na época, ele tinha o nome de Zé da Gaita, mas o apresentador o rebatizou como Paraíba do Forró.
O sucesso veio a partir de 1997, quando fez um dos 33 clipes para o projeto Som da Rua, para a TVE, projeto dirigido por Roberto Berliner. O produtor Noaldo Nery fez o contato entre Paraíba e Berliner. Noaldo conta que Berliner estava procurando personagens para os clipes. Noaldo lembrou que via Paraíba cantando nos ônibus.
Após o Som da Rua, Noaldo também foi contatado para que Paraíba fosse um dos temas do filme 2000 Nordestes, de 1999. O filme foi dirigido por David França e Vicente Amorim (o mesmo da minissérie Senna). Amorim o levou para o Rio de Janeiro para o lançamento do filme e lá ele brilhou em cena aberta. Numa matéria do Jornal O Globo o artista foi chamado de “Bob Dylan do Sertão”. O filme deu o mote para que Paraíba fosse chamado para se apresentar no Caldeirão do Hulk, no quadro “Quanto Vale Essa Loucura”.
Em 2006 Paraíba foi o personagem principal do filme “A Caminhada de Paraíba do Forró”, curta metragem de 20 minutos, dirigido por Paulo Dantas. O filme ganhou o prêmio de BNB de Melhor documentário Paraibano no Fest Aruanda daquele ano.
No filme a o cordelista Francisco Diniz e o compositor e instrumentista Pedro Osmar falaram de Paraíba:
Francisco Diniz: “Um agente da cultura que não tem a receptividade no meio artístico e social. Um homem que capaz de sair de casa bem cedo, sem tomar café, sem dinheiro para comprar o lanche, pagar o transporte, botar a zabumba no ombro e a flauta de PVC, o triângulo e ir nos ônibus tocar alguma coisa para que alguém pudesse pagar o seu transporte, dar uma caixinha e juntar algum dinheiro para sobreviver. É alguém de uma coragem estupenda”.
Pedro Osmar: “Um artista de rua que tem uma capacidade muito grande de fazer recriações como qualquer outro desses profissionais que estão aí já dentro da indústria. É um compositor, toca seu instrumento o zabumba, canta, está no espaço público e ocupa maravilhosamente isso aí”.
Paraíba do Forró estava internado no hospital Maternidade Flávio Ribeiro Coutinho e faleceu as 4h30 da manhã de complicações pulmonares. O velório está sendo no Rosa de Saron de Santa Rita. O enterro está programado para as 10h da segunda-feira, 09/12.
Com Portal Paraíba