Cientista brasileiro desmente tese do Greenpeace sobre corais na Margem Equatorial
Luís Ercílio Faria Junior, doutor em Ciências Naturais pela UFPA, questiona dados do Greenpeace e defende o mapa geológico oficial brasileiro
O cientista Luís Ercílio Faria Junior, doutor em Ciências Naturais pela Universidade Federal do Pará (UFPA), contestou as alegações do Greenpeace sobre a existência de uma barreira de corais na margem equatorial. Em entrevista à Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Faria Junior ressaltou que qualquer discussão sobre a presença de corais deve se fundamentar no mapa geológico oficial da plataforma continental do Brasil, elaborado pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB). “O que a diretora Sylvia dos Anjos afirmou foi excelente, pois destacou a importância de se basear no mapa geológico do Brasil para estudos ambientais, e não em especulações ou imaginações de quem, na verdade, nunca esteve na área e fica fazendo mapinhas de computador”, afirmou.
Com mais de cinco décadas de experiência na área, Faria Junior participou de estudos no projeto AMAS-SEDS (Amazon Shelf Sedimentary Studies), uma cooperação internacional que reuniu mais de cem pesquisadores e consolidou o conhecimento geológico da região. “Com base nessas pesquisas e nas décadas de dados acumulados, posso afirmar com convicção que não existem recifes de corais na plataforma continental brasileira”, afirmou.
Em uma audiência pública de 2017 sobre o bloco FZA-M-059, à época operado pela bp, o Greenpeace projetou um mapa mostrando uma suposta “barreira de corais”. No entanto, Faria Junior contestou, afirmando que o mapa representava rochas carbonáticas, e não corais. Ele destacou que o estudo citado pelo Greenpeace, realizado pelo pesquisador Rodrigo Moura e publicado em 2016 na “Science Advances”, não estava na bibliografia oficial do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da bp. “Questionei a legitimidade do mapa apresentado, pois ele representava apenas rochas carbonáticas”, declarou.
Faria Junior também criticou a atuação do Greenpeace, enfatizando que, como organização não científica, a ONG depende de parcerias com pesquisadores que enfrentam escassez de recursos. “A realidade é que nossos estudos, inclusive os realizados pela UFPA, não identificam corais na região”, acrescentou.
Recentemente, a Petrobras manifestou-se afirmando a inexistência de corais vivos na área da margem equatorial, o que Faria Junior apoia. “Chega de ficção. Precisamos trazer as questões para a realidade, não para o campo da imaginação”, concluiu.
Com Brasil 247