Barroso diz que seu legado será a ‘total recivilização’ do Brasil
Presidente do STF também defendeu a conclusão dos inquéritos de 8 de janeiro e o fim das investigações sobre fake news e milícias digitais
O ministro Luís Roberto Barroso completou, no último sábado (28), um ano como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante sua gestão, que se estende até setembro de 2025, Barroso afirma que seu maior legado será a “total recivilização” do Brasil. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele destacou que a conclusão dos inquéritos relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e às fake news deve ser um marco da retomada da normalidade democrática no país.
Barroso revelou que já conversou com o ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos, e afirmou que há uma expectativa de que essas investigações sejam concluídas em breve. “Depois das eleições, o procurador-geral da República [Paulo Gonet] deverá definir o que arquivar e o que denunciar. Espero que o pacote inteiro, incluindo os inquéritos sobre milícias digitais, fake news e os atos golpistas, esteja próximo do fim”, afirmou o ministro.
Além disso, o presidente do STF ressaltou o papel fundamental da Corte no enfrentamento do radicalismo que ameaçou a democracia brasileira nos últimos anos. “O Supremo desempenhou um papel decisivo ao enfrentar o radicalismo da extrema-direita. Não fosse nossa reação, o país poderia ter mergulhado em um abismo de agressividade e ameaças”, declarou.
Controvérsias e transparência
O mandato de Barroso à frente do STF também tem sido marcado por debates sobre a postura e a transparência dos ministros. Episódios envolvendo viagens internacionais de magistrados, como a de Dias Toffoli à final da Champions League em Londres e a de Kassio Nunes Marques para o aniversário do cantor Gusttavo Lima na Grécia, geraram críticas. Embora defenda a transparência das ações dos ministros, Barroso não descarta a possibilidade de um Código de Ética para o STF. “O maior Código de Ética é a transparência com que julgamos e com que a vida dos ministros é acompanhada pela imprensa. Contudo, não descarto a ideia de um Código de Ética, apesar de não haver uma discussão interna sobre isso no momento”, disse ele.