MÍDIA E SOCIEDADE

Justiça condena CNN Brasil por prática de racismo estrutural contra jornalista

O caso remonta a 2020, na cobertura do assassinato de George Floyd: "isso é coisa de preto, você está defendendo preto"

A CNN Brasil foi condenada a pagar R$ 50 mil por racismo estrutural contra o jornalista Renan de Souza, após decisão da 13ª Turma da Justiça do Trabalho de São Paulo, que votou por 2 a 1 em favor do jornalista, informa o portal Alma Preta. O caso remonta a 2020, quando Renan teve um desentendimento com seu chefe, Asdrúbal Figueiró, durante a cobertura da morte de George Floyd nos Estados Unidos.

Uma testemunha relatou em juízo que, durante a discussão sobre a matéria, Figueiró fez comentários racistas, como “isso é coisa de preto, você está defendendo preto”. O jornalista afirmou que, após o episódio, começou a ser perseguido pelo chefe, que passou a criticá-lo de forma constante e a lhe impor metas inatingíveis.

O juiz Paulo José Ribeiro Mota, relator do caso, destacou que o desvio do foco da cobertura da morte de Floyd para a cor da pele da vítima evidenciava um viés de racismo. A decisão judicial foi favorável ao jornalista, reconhecendo o dano moral causado pela empresa.

Renan, que atuava como editor de texto na CNN Brasil, também alegou que a emissora só começou a contratar jornalistas negros após a polêmica contratação de William Waack, demitido da TV Globo por racismo. Ele apontou práticas discriminatórias na CNN, como salários menores para profissionais negros e restrição a funções menos relevantes.

Em primeira instância, a juíza Gilia Costa Schmalb entendeu que as provas apresentadas não foram suficientes para comprovar a existência de práticas discriminatórias estruturais na empresa. A CNN também refutou as acusações de racismo, destacando a existência de um programa de diversidade chamado “Plural” e negando a adoção de práticas discriminatórias.

Além do caso de Renan, a CNN Brasil enfrenta outras acusações de discriminação. O jornalista Fernando Henrique de Oliveira processou a emissora após ser orientado a alterar o estilo de seu cabelo “dread” por estar, supostamente, “em descompasso com a atividade”. O juiz responsável pelo caso rejeitou a acusação de racismo estrutural por falta de provas, e o processo ainda será julgado novamente.

A emissora também foi alvo de denúncias de racismo envolvendo a jornalista Basília Rodrigues, que teria sido perseguida por questões relacionadas ao seu cabelo crespo e à sua aparência. Funcionários relataram uma perseguição velada, com críticas à aparência da jornalista durante suas entradas ao vivo.

Procurada, a CNN Brasil informou que não comenta processos judiciais em andamento.

Com Brasil 247

Podcast Dez Minutos no Confessionário

Ouça nossa Rádio enquanto você navega no Portal de Notícias

Redação DiárioPB

Portal de notícias da Paraíba, Brasil e o mundo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo