87,6 milhões: pela primeira vez o número de desempregados no Brasil supera o de pessoas ocupadas; Paulo Guedes só se preocupa em acabar com os direitos
Em maio, a perda havia sido de 350.303 vagas, sucedendo o fundo do poço de abril com fechamento de 918.296 postos de trabalho, e a destruição de 259.917 vagas em março. Os dados de meses anteriores foram atualizados hoje pela pasta. Entre março e junho, a perda de empregos formais para a pandemia chegou a 1,539 milhão.
O total de pessoas ocupadas no Brasil caiu para 85,9 milhões e o de desempregados totalizou 87,6 milhões. Os números são os piores da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, que teve início em 2012. Pela primeira vez, os desempregados superam o número de ocupados. Esse recorde inclui a soma dos desalentados, aqueles que desistiram de procurar emprego, número que teve alta de 15,3% no último trimestre, chegando a 5,4 milhões de brasileiros e brasileiras.
Se a economia já não estavam bem antes, piorou com a pandemia da covid-19. Em três meses, a taxa de ocupação encolheu 8,3%, ou 7,8 milhões de pessoas. A informalidade também caiu, de 40,6% para 37,6%, mas, de acordo com Adriana Beringuy, analista de pesquisa do IBGE, isso não é positivo. “Numericamente, nós temos uma queda da informalidade, mas isso não necessariamente é um bom sinal. Significa que essas pessoas estão perdendo ocupação e não estão se inserindo em outro emprego. Estão ficando fora da força de trabalho”, avaliou.
Desemprego dispara, arrecadação despenca
O governo Bolsonaro não está respondendo nem à crise sanitária nem à crise econômica. Em plena curva ascendente de mortes e número de infectados, o país já está há dois meses sem ministro à frente da Saúde. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) continua causando aglomerações em atividades públicas, e sem máscara sequer.
A arrecadação de impostos, contribuições e demais receitas federais registrou queda real de 32,92% em maio, de acordo com a Secretaria da Receita Federal; a arrecadação somou R$ 77,415 bilhões. Foi o pior para meses de maio desde 2005.
De acordo com o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, o adiamento do pagamento de tributos é o maior responsável pela queda na arrecadação de maio. Por causa da pandemia, o governo federal fez alterações no prazo de recolhimento de impostos, o que reduziu a arrecadação de maio em cerca de R$ 29,9 bilhões. A redução para zero do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) impactou a arrecadação de maio em R$ 2,351 bilhões.
Em vez de resolver a crise, governo ataca o funcionalismo e os trabalhadores do setor privado
Enquanto o país caminha para o colapso, a única “proposta” apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, é acelerar a retirada de direitos do funcionalismo, exatamente quem está à frente do atendimento à população que mais precisa da saúde pública, de educação, Justiça e segurança. Mas não para por aí: mais de 10 milhões de trabalhadores e trabalhadoras do setor privado já tiveram o contrato suspenso ou o salário reduzido na pandemia, cerca de um terço de todos os trabalhadores com carteira assinada no país. Medida que foi aplicada, em grande maioria, sem a discussão com os sindicatos, e que poderia ter sido evitada se o governo redirecionasse recursos para garantir a folha de pagamento, usando parte das reservas internacionais, por exemplo.
Cidades e estados já estão implementando ou buscando colocar em prática outros ataques, mesmo em “período eleitoral”. Como o Senado aprovou, em 2019, a inclusão de estados e municípios na reforma da Previdência de Bolsonaro, governadores e prefeitos estão em ação para colocar em prática a “reforma”. Um exemplo é o Distrito Federal, onde foi aprovada, nessa quarta-feira, 1º, a redução de salário e de proventos de aposentadorias e pensões, mediante aumento das alíquotas de contribuição.