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Morre Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra a fazer parte do corpo de balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro

 

tarjaePauloAlves

Mercedes BaptistaA primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, é considerada a principal precursora da dança afro-brasileira. Bailarina de formação erudita, e a partir da criação de seu grupo, no início da década de 1950, volta-se para o estudo dos movimentos ritualísticos do candomblé e das danças folclóricas. Suas criações coreográficas permanecem até hoje identificadas como repertório gestual da dança afro.

Mercedes Baptista foi iniciada no balé clássico e na dança folclórica, pela grande Eros Volúsia (bailarina que abrilhantou o Brasil através de suas coreografias inspiradas na cultura brasileira). Durante o Estado Novo a política cultural do ministro Gustavo Capanema valorizava a busca de uma arte brasileira. O Brasil se transformava: órgãos públicos eram especialmente criados para o fomento à cultura nacional, o Estado se aparelhava para intervir na cultura. Era o caso do Serviço Nacional do Teatro (SNT), criado expressamente para o fomento das artes cênicas nacionais e que também abrigava uma escola de dança dirigida por Eros, a primeira escola de dança freqüentada por Mercedes Baptista.
Na década de 1940 ingressou na Escola de Danças do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo a oportunidade de estudar com Maria Olenewa, Yuco Lindberg e Vaslav Veltchek. No ano de 1947 torna-se a primeira mulher negra a ingressar como bailarina profissional no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. E Embora fizesse parte do corpo de Baile do Teatro, teve poucas chances de atuar, pois poucas vezes foi escalada para as apresentações. Em entrevistas e bibliografias sobre a artista, ela declara ter sofrido preconceito.

Em meados da década de 1950 foi escolhida pela coreógrafa, antropóloga e militante afro-americana Katherine Dunham para estudar dança nos Estados Unidos junto à sua companhia, Mercedes se licencia temporariamente do Teatro Municipal e viaja para Nova York onde passa aproximadamente um ano e meio, tendo aulas de dança moderna, danças do Haiti e participou do processo de luta pela valorização racial que era a especialidade de Katherine, além de lecionar balé clássico para o grupo de bailarinos.
De volta ao Brasil, no fim de 1951, no Rio de Janeiro, funda o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. Grupo formado por bailarinos negros que desenvolviam pesquisas e divulgava a cultura negra e afro-brasileiras, introduzindo elementos afro na dança moderna brasileira. O grupo ganhou notoriedade e respeito, apresentaram-se na Europa e vários países da América do Sul.

Redação DiárioPB

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