GERAL

Meritopatia

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Parece um lugar comum. Mais um texto sobre as manifestações no Brasil em 2015, mais um comparativo com referencial histórico, de viés marxista esquerdopata. Mais um, recheado daquelas linhas que exaltam e defendem a figura da presidenta, preparado para uma extensa lista de comentários repletos de xingamentos odiosos.

protestosPara cada linha que se tem sobre, vai haver uma reportagem oposta. Se alguém fala do #13M, há alguém que contraponha trazendo os atos patriotas e nacionalistas de #15M. Há um maniqueísmo perverso, dividindo e dividido por opiniões retroalimentadas da lógica do dualismo.

Quando o governo pensou na marca da segunda gestão de Dilma, “Pátria educadora”, certamente não imaginava que chegaríamos à beira da barbárie, logo antes de completar cem dias. Não imaginava que seu Ministro da Educação fizesse o que fez. Não imaginaria, nem em seus piores pesadelos.

Dilma, na obsessão por assepsia, não imaginou que seu conceito de “educação” pudesse ser distorcido tão perversamente em tão pouco tempo. Na abrangência do seu campo cognitivo, imaginando ligar Educação à sinceridade, empatia, lisura, respeito, a mulher mais poderosa do Brasil não sentiu que o país não compartilharia desse conceito de educação.

Um país que acostumou-se à pseudomeritocracia construída nos alicerces da segregação não saberia imaginar um significado próximo à “Educação” que não fosse ligado à palavras como “títulos”, “diplomas” ou “certificados”. Fruto de uma mentalidade alimentada com a pior das rações, com o ranço do ressentimento, com a inveja hipócrita e com um cinismo sui generis, batizado de “jeitinho brasileiro”.

Não imaginaria, nossa líder máxima, que nosso povo, acostumado à necessidade virulenta diária de passar alguém pra trás, efetuar um pequeno golpe, tirar alguma espécie de vantagem de alguém desavisado, não entenderia que a Educação não era um pedaço de papel.

Que o povo ainda não entendera que a Educação não é o conjunto das aulas de etiqueta, nem tampouco os cursos de idiomas no exterior. As pessoas não compreenderam que isso não compete à realidade limitada pelas publicações de diálogo incestuoso, produzidas pela academia para fecundar a academia.

Não entenderia a presidenta que, tal qual seu partido, que corta na carne pra querer dar exemplo, tinha gente que ainda a queria ver sangrar. Politicamente, fisicamente. Não iria prever que seu Ministro da Educação fosse tão sincero. Logo ele, que foi acusado de mandar reprimir duramente greves de professores em seu estado de origem. Um mal lavado, destratando publicamente a sujeira coirmã em plenário. Quinze minutos de heroísmo, e cadê Cid?

A “Pátria educadora” sofre de um mal crônico: uma cultura política tão asquerosa e degenerada, que chegou a contaminar a raiz do pensamento brasileiro. A “vontade de dar certo” se rendeu aos “meios para dar certo”; a malandragem virou desenvoltura; os sinceros, que são tidos como otários e suicidas, surgem como paladinos quixotescos num mar de moinhos levantados por semiescravos modernos nos parques eólicos do litoral nordestino.

Para que a nossa pátria torne-se educadora, ainda há muito feijão com arroz para comer pela frente. Até quando alimentaremos nossa honestidade a pão e água? Até quando protelaremos uma reforma política real? Até quando adiaremos a transformação do nosso discurso hipócrita em prática coerente?

Espero não sangrar antes de ver acontecer.

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Redação DiárioPB

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